segunda-feira, 22 de junho de 2009

Gabrielli e Seu Passado Obscuro

José Sérgio Gabrielli, o Presidente da Petrobras concedeu uma longa entrevista à Isto é Dinheiro esta semana. Como é de praxe, a entrevista foi puclicada no Blog da Petrobras. Apesar do alarde em torno da tão mal fadada transparência de sua gestão, Gabrielli foi bastante vago quando instado a falar de seu passado. Acompanhe uma parte da entrevista abaixo:

Entrevistador: Fala um pouquinho para gente também do seu papel na criação do PT. O senhor foi da ficha número 15, número 50, como era a sua linha política naquele momento?
Sergio Gabrielli: Eu morei cinco anos fora do Brasil, voltei em 1980.
Entrevistador: Morou exilado?
Sergio Gabrielli – Eu fui expulso da universidade pelo exército. Eu fui jornalista e fui expulso da redação pelo exército, então eu fiquei sem condições de sobreviver(?).
Entrevistador: Mas o senhor foi estudar não é isso?
Sergio Gabrielli: Fui estudar. Eu fiquei sem condições de sobreviver(?). Fiz mestrado aqui no Brasil, terminei em 76, fui demitido dos jornais em 71, fui condenado em 73, cumpri pena…(?)
Entrevistador: Cumpriu pena? Conta um pouco para gente.
Sergio Gabrielli: Fui condenado, cumpri seis meses de prisão.
Entrevistador: Na Bahia?
Sergio Gabrielli: Na Bahia.
Entrevistador: Saiu e depois foi estudar fora?
Sergio Gabrielli: Fui estudar nos Estados Unidos, com bolsa americana. Sem contatos com o Brasil.
Entrevistador: Com bolsa americana?
Sergio Gabrielli: Com bolsa americana.
Entrevistador: Eles não sabiam?
Sergio Gabrielli: Eles sabiam. Tinha cinco anos fora sem vínculos econômicos com o Brasil.
Entrevistador: E quando o senhor voltou?
Sergio Gabrielli: Quando voltei entrei na universidade, voltei a dar aula. Voltei depois da anistia. Lá fora mantive minha militância política, sou militante político antigo.
Entrevistador: Quem eram as suas principais relações na esquerda do PT?
Sergio Gabrielli: Eu fui condenado por ser membro da Ação Popular Marxista-Leninista (APML).
Entrevistador: Teve ação específica? Qual foi?
Sergio Gabrielli: Não teve ação militar.
Entrevistador: A prisão foi com alguma alegação?
Sergio Gabrielli: Algumas vezes. Eu não quero falar sobre isso, mas fui preso várias vezes, foram oito. "Mas eu acho que não é relevante falar sobre isso".
Entrevistador: Mas eu acho importante para um perfil de uma pessoa, dizer o que conhece.
Sergio Gabrielli: Voltei e no início do PT, em 80, conheci o Lula, o Wagner, fazia parte de um grupo fundador do PT, cuja primeira direção foi em 81. Fui diretor em 84, fui candidato a deputado federal em 82.
Entrevistador: Sempre na Bahia?
Sergio Gabrielli: Sempre na Bahia. Depois fui candidato a vice-prefeito em 86 e depois fui candidato a governador em 90.
Entrevistador: E quando o senhor abandonou o Marxismo-Leninismo? Ou ainda não abandonou?
Sergio Gabrielli: Na minha formação teórica eu acho que o Marxismo-Leninismo – Leninismo nem tanto, eu nunca fui muito Leninista – mas o Marxismo é um instrumento teórico interessante. Eu diria que minha formação teórica, como economista, envolve um pouco do “Marx”, que é uma formação eclética. Eu trabalhei muito com desenvolvimento regional e com empresas estatais na minha vida acadêmica. Então minha vida acadêmica envolve uma formação teórica forte sobre teoria econômica, história e desenvolvimento. Portanto é uma formação de economia política. E, do ponto de vista da experiência de gestão, de uma empresa do tamanho da Petrobras, ninguém pode dizer que teve experiência maior do que essa em nenhum lugar do mundo, porque é única. Pelo menos pelo tamanho e a importância dela para a economia local…
Entrevistador – Uma cultura muito forte?
Sergio Gabrielli: Uma cultura forte. Ela é única. Mas iniciei minha vida profissional fazendo projetos, trabalhei muito tempo com assessoria a projeto robusto em gestão. Fui gestor de uma fundação que trabalhava com projetos de apoio a pesquisa e desenvolvimento científico tecnológico. Minha formação, digamos, pré-Petrobras é "teórica".
Entrevistador – O senhor acha que isso vai ser questionado na CPI?
Sergio Gabrielli: Eu acho que vai.
Entrevistador: Porque muitos dizem sobre a ingerência política.
Sergio Gabrielli: Eu diria o seguinte: eu entrei na Petrobras como diretor financeiro, em 2003. A acusação inicial era que um ilustre desconhecido baiano, com todo preconceito que o baiano tem. E eu fui muito ousado. Eu com dois dias como diretor financeiro estava em Nova York, Londres, Tóquio, Milão. Eu fiz no primeiro ano mais de 1.500 reuniões no mercado com investidores.
Entrevistador: Em 2003 quando o senhor assumiu, qual era o valor de mercado? O senhor se lembra mais ou menos?
Sergio Gabrielli: 15 bilhões de dólares. Continuando, então em 2004/2005 eu passei a ser o melhor gestor financeiro do país. Ganhei prêmio de diretor financeiro latino-americano, ganhei prêmio de melhor executivo da área de petróleo ano passado em Londres, fui escolhido o homem do ano em Nova York…
Entrevistador: Ninguém lembrava que o senhor era baiano.
Sergio Gabrielli: Esqueceram que sou baiano.

Omissão da Realidade


Nesta, em outras entrevistas e em várias matérias do blog, Gabrielli passa a idéia de que todo o crescimento da Petrobras nos últimos anos é um mérito exclusivamente seu. Ele se esquece de citar os projetos que encontrou em andamento, inclusive os avançados estudos da área do pré-sal. Gabrielli omite ainda que o crescimento da Petrobrás não é um fenômeno exclusivo da estatal brasileira, mas envolve todas as indústrias petrolíferas do mundo, como é possível observar no gráfico abaixo:

Praticamente todas as empresas petrolíferas do mundo tiveram grande valorização após a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2001. Os preços das commodities dispararam, elevando o valor de mercado de praticamente todas as companhias do setor. O valor de mercado da Petrobras simplesmente acompanhou a tendência de outras companhias. Há de se considerar ainda que a Petrobrás foi praticamente a única empresa do setor a anunciar a descoberta de grandes reserevas. As outras companhias não podem contar com as expstativas de exoplorar reservas gigantes como as do pré-sal, fato que impactou positivamente no valor de mercado da Petrobras e não apenas a genialidade administrativa "teórica" do Sr. Gabrielli.

2 comentários:

  1. Prezados amigos
    Há muito venho lendo e vendo o que tem acontecido no Brasil com relação aos nossos políticos. Não passa um dia sem que haja uma denuncia de atos de corrupção, falta de ética, e imoralidade por parte de nossos governantes.
    O Presidente Lula recentemente em defesa do Senador José Sarney definiu que no Brasil existem dois tipos de cidadãos. Aqueles para os quais não existe lei ou Constituição e os demais que estão submetidos aos rigores da lei.
    Aqueles que sofrem nas filas do SUS, ficando internados em macas nos corredores dos hospitais e aqueles que se tratam nos melhores hospitais do país com a melhor equipe médica. Em ambos os casos o contribuinte paga.
    É chegada a hora de parar de reclamar e partir para a ação antes que seja tarde demais.
    Minha proposta e que comecemos em conjunto a pensar numa ação coordenada para o dia 7 de setembro de 2009. É o dia em que comemoramos a independência de nossa pátria, a libertação de nosso povo. Não há momento melhor do que este para um protesto contra a pouca vergonha, os desmandos do governo e o fato de que pouco a pouco estamos perdendo nossa liberdade e democracia.
    Sugestões para o email laguardia.luizf@gmail.com

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  2. Uma coisa eu vejo no gráfico.

    A linha verde, da Petrobrás, no início está abaixo de todas e no final acima de todas.

    No plano geral acompanhou a média.

    Mas analisando o "entre elas" saiu do 4º lugar e foi para o 1º lugar.

    Foi o melhor desempenho entre as 4.

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