sábado, 20 de dezembro de 2008

Em breve, uma matéria especial sobre a questão do excesso de enxofre no diesel da Petrobrás.
Destaque para a punição sofrida recentemente. A empresa acaba de ser excluída do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da Bovespa, índice que reúne empresas que se destacam por seu compromisso com a responsabilidade social e a sustentabilidade. O motivo da exclusão é o não cumprimento da resolução 315/2002 do Conama, que determina a redução do teor do enxofre no diesel comercializado no Brasil a partir de janeiro de 2009.

Esta punição pode representar uma vitória, mas ainda é pouco. O fato de se tratar de uma estatal, a exemplo de outras posturas do governo, tem lhe garantido certas regalias no tocante à política ambiental. O próprio Ministro do Meio Ambiente, ao contrário do que garantiu, cedeu às pressões da Petrobrás e Anfávea. Carlos Minc, pressionado pelos ambientalistas, apareceu com algumas propostas ridículas, aparentemente elaboradas pela própria Petrobrás.

Leia (nas entre_linhas) um trecho da entrevista publicada no Jornal da Ciência:

- Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determinava que a partir de 2009 houvesse redução na quantidade de enxofre no diesel e fabricação de novos motores para ônibus e caminhões. Isso não foi feito. O Meio Ambiente patrocinou um acordo que permitiu a redução só em 2012. O sr. cedeu a lobbies?


Eu não cedi nada. Tem uma resolução de 2002 do Conama, a 315, que dizia que os ônibus e caminhões novos, a partir de 2009, deveriam ter emissão equivalente à do motor Euro4 e com diesel S-50. Em cinco anos, a Agência Nacional do Petróleo (ANP), que tinha de especificar o diesel, não especificou. Ficou esse tempão enrolando. A Anfavea, que tinha de preparar os motores, também não fez nada. Alegou que, como a outra não especificou, ela não tinha o que fazer. A Petrobrás tinha de preparar o diesel. Nosso diesel é um horror, um veneno. A Petrobrás efetivamente investiu R$ 4 bilhões em 11 refinarias para retirar o enxofre. Só que está atrasada. Em vez de estar com tudo isso pronto para 2009, vai estar para 2010. Como a resolução dizia respeito aos novos veículos - aproximadamente 200 mil ônibus e caminhões novos -, esse era o quadro quando cheguei ao ministério.

- Não houve pressão?

Vieram com pressão para cima de mim para modificar a resolução ou dar mais prazo para ela, ou dar uma excepcionalidade que a própria resolução previa. Como a resolução dizia que a Anfavea tinha 36 meses para fazer um motor novo, a partir da especificação da ANP, e como a ANP só fez no finzinho do ano passado, a Anfavea estaria dentro do prazo. Eu disse: “Não mudo, não adio, não excepcionalizo”. Falei: “Só sai o caminhão da fábrica, em 2009, ou cumprindo a resolução, ou com ordem judicial. Tirem o cavalinho da chuva.” "Mandei para o Conama um projeto de resolução criando uma nova etapa para que o S-10 comece a operar em 2012. Foi aprovado por unanimidade por ambientalistas. Foi um gol de placa. Alcançamos os europeus. Podemos até tecnologicamente ser mais atrasados, mas nossos pulmões serão iguais".

O problema de Minc é que quando fala, acredita automaticamente que convenceu. Subestima a inteligência alheia ao apelar para sua habitual e fajuta truculência verbal, quando na verdade está à serviço dos interesses governamentais e corporativos. A Petrobrás está ciente dos malefícios causados pelo enxofre na saúde do homem desde a sua fundação. Sua política visa claramente o lucro, ignorando as milhares de mortes que tem causado ao longo dos últimos anos. Tanto é que insiste em postergar o assunto, extendendo ainda por mais tempo a sua licença para poluir e matar.

Entrevista Completa aqui

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